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O sumi-ê é uma arte subjetiva, evolução do suiboku-ga, desenho derivado da caligrafia chinesa, que chegou ao Japão no século XIV, com forte influência zen-budista. Retratam o instante da alma num momento único, e não permitem correção ou indecisão, para manter a pureza do sentimento revelado nos traços, que devem revelar a “pobreza pura” – a mais perfeita imperfeição.

A inteligência intelectual é deixada de lado e o essencial se torna “a devoção interna” para que surja o belo e o natural. O espaço em branco revela o que não foi expresso e com o que o pincel não traçou completa-se a perfeição.

Os praticantes do sumi-ê pintam essencialmente o que chamam de “os 4 nobres”, revelando a profunda ligação desta arte com a natureza. São eles: A orquídea selvagem, o bambu, a ameixeira e o crisântemo, todos, com fortes simbologias e significados.

São elementos básicos do sumi-ê: simplicidade, simbolização e naturalidade. A expressão livre surge através da cor da tinta negra e dos movimentos do pincel, refletindo o caráter e a personalidade do autor, sob a inspiração do momento.

Ao contrário do ocidente, que desenvolveu estilos de pintura baseados na realidade, com técnicas de sombras, cores, espaço etc., o oriente focou no significado.

O sumi-ê, portanto, carrega o espírito do artista. Todo traço é como um golpe de espada, único e cheio de vida, por esta razão, muitos samurais o praticaram.

Texto: Bruno Kaneoya fonte: http://www.nipocultura.com.br/?p=450

Os poemas desta série buscam a essência do sumi-ê (muito próxima da essência do haicai), utilizando-se dos seus elementos básicos - a simplicidade, a simbolização e a naturalidade.

onde a montanha encontra a água
nasce a flor
nos traços (palavras)
a mais completa imperfeição
no espaço em branco
(no que não foi expresso)
a perfeição:-
o instante vivo retratado num flash